LOGÍSTICA E SILO BOLSA
Logística – Economia na colheita de grãos
Logística e economia da colheita de grãos e sistemas de transporte com o uso de silo bolsas
Na Argentina, a capacidade de armazenamento permanente de grãos (silos de concreto, chapa metálica, células horizontais, etc.) é de apenas 65 a 70% da produção total. Como consequência dessa deficiência, surgem problemas de logística nas operações de pós-colheita.
Diante de tal circunstância, uma nova técnica de armazenamento em silo bolsas ganhou popularidade entre produtores, armazenadores e indústrias. A técnica esteve no mercado durante vários anos para o “ensilado” de reservas forrageiras, e logo foi adaptada para o armazenamento de grãos secos. Esses silo bolsas têm um alto nível de hermeticidade aos gases (vapor d’água, O2 e CO2). Como resultado, a respiração dos componentes bióticos na massa dos grãos (fungos, insetos e grãos) aumenta a concentração de CO2 e reduz a de O2, beneficiando a conservação do produto. O enchimento das silo bolsas é considerado um processo ágil, podendo cada uma conter, em média, 200 toneladas de milho, trigo ou soja. As empresas argentinas também desenvolveram máquinas eficientes para descarregá-las, transferindo os grãos diretamente para o caminhão ou para o funil de alimentação.
A nova geração de colheitadeiras de alta capacidade encontra no sistema silo bolsa o parceiro ideal, já que a capacidade de carga da máquina embolsadora se limita à capacidade de transporte até a colheitadeira. Outra vantagem dos silo bolsas é que podem ser facilmente incorporados a programas de preservação da identidade dos grãos (programas IP de grãos). Além disso, podem ser localizados sem problemas no campo – com o resguardo correspondente para evitar danos – nos arredores do terreno de produção.
Ademais, com essa modalidade de embolsamento, os riscos de contaminação dos grãos especiais com outras matérias-primas são reduzidos. Muitos produtores de trigo encontram no sistema de silo bolsa a ferramenta ideal para segregar as diferentes variedades de trigo diretamente do campo. Em 2001, cerca de 2,0 milhões de toneladas de grãos (milho, trigo, soja e girassol) foram armazenadas com os sistemas descritos.
Durante os últimos anos, essa técnica de armazenamento foi aperfeiçoada e o sistema de silo bolsa ganhou uma rápida adoção entre os agricultores argentinos. No ano de 2010, por exemplo, mais de 40 milhões de toneladas foram armazenadas em silo bolsas (correspondente a mais de 40% da produção total). Inúmeras pesquisas estudaram o efeito dessa tecnologia de armazenamento sob a ótica da qualidade do grão (Bartosik et al., 2008; Cardoso et al., 2010; Ochandio et al, 2010). Nesses estudos, foram comparadas as propriedades de grãos armazenados secos e úmidos, mostrando que os primeiros podem ser armazenados em silo bolsas por mais de 6 meses sem apresentar danos. O grau de modificação da atmosfera intersticial também foi objeto de estudo, mostrando que o teor de umidade, a qualidade, o tempo de armazenamento e a temperatura durante o estoque podem afetar a taxa de respiração do ecossistema do grão (Cardoso et al., 2008; Rodríguez et al 2008).
O efeito do armazenamento em silo bolsa sobre fungos e micotoxinas no milho foi pesquisado por Castellari et al (2010), e a possibilidade de controlar os insetos no silo bolsa com fumigação foi estudada por Cardoso et al. (2009). Um trabalho intensivo foi realizado sobre a simulação das condições de armazenamento em silo bolsas: Gaston et al (2009) implementou um modelo de transferência de calor e umidade para estudar o efeito do silo bolsa no armazenamento de trigo. Posteriormente, Abalone et al (2011 a, b) incluiu no modelo uma correlação para a respiração de trigo, avaliando o efeito de diferentes condições de armazenamento nas concentrações finais de O2 e de CO2.
Apesar de toda a pesquisa realizada sobre silo bolsas, o efeito dessa nova tecnologia de armazenamento no sistema de pós-colheita (a nível de estabelecimentos agropecuários ou a nível regional) ainda não foi abordado. O sistema está sendo incorporado como uma parte integral do programa de armazenamento em outros países, por isso a necessidade de informação referida às vantagens logísticas nos diferentes níveis da pós-colheita.
Do ponto de vista logístico, o uso de silo bolsas divide a cadeia de fornecimentos em 2 partes independentes. Dessa forma, a capacidade da colheitadeira não está vinculada nem à capacidade de transporte nem aos períodos de recebimento do depósito. Assim, a falta da capacidade de transporte ou a falta de capacidade de recebimento do depósito não afetam o ritmo da colheita.
O objetivo da pesquisa foi, portanto, avaliar a vantagem logística e econômica da utilização de silo bolsas frente à cadeia de fornecimento tradicional, na qual os produtores levam os grãos diretamente ao depósito.