IpesaSilo e Cevada

A cevada é um cereal de inverno que ocupa a 5ª posição, em ordem de importância econômica, no mundo. O grão é utilizado na industrialização de bebidas (cerveja e destilados), na composição de farinhas ou flocos para panificação, na produçãode medicamentos e na formulação de produtos dietéticos e de sucedâneos de café.

A cevada é ainda empregada em alimentação animal como forragem verde e na fabricação de ração. No Brasil, a malteação é o principal uso econômico da cevada, já que o país produz apenas 30% da demanda da indústria cervejeira. A produção para outros fins nunca se consolidou devido a falta de competitividade em relação a outros grãos, principalmente o milho.

A produção brasileira de cevada está concentrada na Região Sul, com registros de cultivo também nos estados de Goiás, de Minas Gerais e de São Paulo. Atualmente, a cevada é mais cultivada em mais de 140 mil hectares, e a produção é de aproximadamente 380 mil toneladas. Há três maltarias em atividade, instaladas no RS, no PR e em SP. Com a produção de cevada na região do Cerrado, o Brasil reduzirá em torno de 10% a necessidade de importação de malte para fabricação de cerveja.

Para a fabrição de malte são necessários parâmetros específicos de qualidade dos grãos. A cevada para malteo não deve ter nem muito alto ou muito baixo conteúdo de proteína (mínimo de 10%, máximo 12% e 13% tolerância máxima) e tamanho de grãos (calibre) devem ser homogênea, grande e com baixa porcentagem de grãos quebrados. Além disso, para não sofrer quedas no preço na comercialização, a umidade de grãos não deve exceder 12%  e germinação devem ser superiores a 98% e a energia germinativa superar o 95%. Todas essas características são muito importantes para uma germinação rápida e parelha das sementes no processo da fabricação de malte.

Exigência de Qualidade

Por essas altas exigências de qualidade, o armazenamento da cevada para a fabricação de malte para cervejaria é considerada uma fase crítica. É necessário tomar cuidado extra, com especial ênfase na umidade e a temperatura do grão para reduzir os processos respiratórios de granel (fungos e grãos) de modo a não reduzir as taxas de germinação.

Com o desenvolvimento das armazenagens alternativas, principalmente do silobolsa e seu uso em países como Austrália, Argentina e África do Sul, países produtores e exportadores de cevada para malteação, se fez necessário avaliar cientificamente a qualidade desse armazenamento e a estabilidade dos parâmetros de qualidade industrial de cevada sob este sistema de armazenamento.

Os primeiros trabalhos acontecerem desde o ano 2004 na Argentina. Os estudos seguidos pelos técnicos do INTA na sede de Malteria  y Cerveceria Quilmes (hoje grupo Anveb) durante 3 anos consecutivos, estudarem os parâmetros requeridos pela indústria durante 12 meses de armazenamento em silobolsas. Já na África do Sul na sede de SAB (The South African Breweries Ltda) que pertence ao Southern Associated Maltsters no ano 2006 analisarem durante 7 meses a evolução de qualidade dos parâmetros necessários para a industrialização.

Trabalhos

Vamos a apresentar alguns dados do primeiro dos trabalhos. Realizado com grãos padronizados a partir do dia 10 de maio do ano 2004 e finalizou o dia 12 de maio do ano 2005. Mensalmente se fizerem medições  marcando claramente a não variação significativa dos valores obtidos.

A umidade dos grãos que entrarem no silobolsa  se mantiverem durante o período de 12 meses entre os 11.37% e 11.63% ou seja que se mantive no mesmo nível durante todo o período do estudo coisa que já tinha sido comprovado em inúmeros trabalhos em todo o mundo, demostrando a impermeabilidade (na prática) dos silobolsas.

Energia germinativa (EG) define a capacidade de um lote de sementes para a germinação no campo em condições que não são sempre as mais favoráveis para a germinação. Além disso, é um indicador da velocidade com que pode emergir as sementes. Portanto, pode presumir-se que este parâmetro poderia ser rapidamente atingido em caso de deterioração no armazenamento.

A EG no início do estudo foi 96,7%. A partir daí, durante todo o período de armazenamento, permaneceu com uma média de 97,2% (0,89% desvio padrão), aumentando a variação nos valores de EG no final do teste, mais considerando as variações na realidade a conclusão que permaneceu invariável durante todo o ano do armazenamento.

TABELA 1. Evolução da Energia Germinativa da Cevada em experimento realizado na África do Sul – 2006/07. Como se observa, a energia germinativa nã evolui durante todo o processo de armazenamento ao longo dos 7 meses de armazenamento em silobolsa.

TABELA 2. Em relação aos valores iniciais para proteína observados foram 9.63% em não variou significativamente ao longo do período de armazenamento, com uma média geral de 9,61% com um desvio padrão de 0,07. Os valores de teor de proteínas dos grãos foram apropriados (menos de 12%, máximo permitido pela indústria) e manteve-se estável durante todo o período de armazenamento em sacos de plástico, desta forma preservando sua qualidade.

Conclusão

Os estudos  demostram que o silobolsa é uma ferramenta muito útil em armazenamentos sumamente difíceis como é o caso da cevada para a produção de malte para cervejaria. Isto permitiu a países como Argentina quintuplicar sua produção nos últimos 10 anos, passou de pouco mais de 1 milhão de toneladas a 5,2 milhões de toneladas, quando a indústria, principal estocadora de grãos historicamente atinge só 10% desse volume.

Ou seja, hoje 90% da produção ou é exportada na hora ou é armazenada em silobolsas.

Cevada Cervejeira

Joseani Antunes  – Embrapa 

A área de cevada no Brasil cresce pelo 3º ano consecutivo, apesar das frustrações com o clima que levaram à quebra de 30% na última safra. A previsão é chegar aos 123 mil hectares neste ano, distribuídos entre Rio Grande do Sul (63 mil ha), Paraná (53 mil ha), Santa Catarina (4 mil ha) e São Paulo (3 mil ha). O rendimento médio projetado é de 3 mil kg/ha.

São Paulo

No estado de São Paulo, a cevada é cultivada em sistema irrigado há seis anos, período em que a área aumentou em 43% e a produção praticamente duplicou. A principal empresa do ramo é a Malteria do Vale, de Taubaté – SP, que fomenta 3 mil hectares junto a 60 produtores. De acordo com o engenheiro agrônomo da Malteria, Emílio Gotti Filho, a principal dificuldade da cevada é a competição do espaço irrigado com culturas mais rentáveis, como batata e feijão. A estratégia da empresa foi antecipar o início da semeadura para o mês de abril, permitindo colher a cevada com cerca de 110 dias e depois ainda fazer o plantio do feijão. “São duas excelentes safras, considerando que a cevada tem produzido rendimentos médios próximos a 5 mil kg/ha. A antecipação do plantio também diminui os riscos de chuvas de primavera na colheita”, explica Gotti.

Paraná

No Paraná, o fomento da cevada é realizado pela Cooperativa Agrária, que administra a maltaria Agromalte, em Entre Rios – PR. O cultivo existe desde 1973 e, atualmente, envolve 180 famílias numa área que varia entre 30 a 35 mil hectares. A cevada é a principal cultura de inverno e está gradativamente roubando espaço do trigo na região centro-sul do Paraná. Na safra 2011/2012, mais de 4 mil hectares migraram do trigo para a cevada. Desde 2006, a área de cevada dobrou, com produtividades sempre acima de 3 mil kg/ha. Além do rendimento, cerca de 1 mil kg/ha superior ao trigo, a cevada tem o ciclo mais curto, o que permite a entrada da soja mais cedo na lavoura. Segundo dados de pesquisa da FAPA/Agrária, a soja plantada na resteva da cevada pode resultar em ganho de até 5 sacos por hectare, quando comparado ao resultado após trigo.

Expectativa

Para o pesquisador da AmBev, Mauri Botini, “a cevada do Brasil não fica atrás para qualquer cevada do mundo. Nós temos excelente produtividade, qualidade e produção de malte. O grande limitador é o clima. Gostaríamos de não precisar importar cevada da Europa e sim gerar divisas aqui, na América Latina”, afirma Mauri, lembrando que o clima frustrou a produção nos três principais países produtores na América Latina – Brasil, Argentina e Uruguai, responsáveis por 70% da produção de malte da AmBev. A expectativa da empresa, líder mundial no segmento de cervejas, é crescer 20% ao ano na área de cevada cervejeira no Brasil, especialmente nas regiões onde a qualidade dos grãos é mais estável. Somente em 2012, o número de produtores ligados à empresa aumentou em 33%, localizados em grande maioria no Rio Grande do Sul.

“Hoje nós atingimos um patamar, sob o ponto de vista genético, competitivo em qualidade e também em rendimento, mas nós precisamos produzir cultivares que tenham melhor perfil de resistência a doenças, tanto para reduzir os custos de produção, quanto para gerar uma produção mais limpa, com menos agroquímicos na lavoura”, conclui o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, lembrando que, atualmente, o oídio é um grande problema na cevada brasileira, além da giberela, que é um problema mundial nos cereais.

Depoimentos de quem já utiliza o sistema IpesaSilo

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