Demanda por silo bolsa no Brasil deve aumentar 30% na safra 2018/2019

Por Marcela Caetano – São Paulo
DCI – Diário Comércio Indústria & Serviços
18/09/2018

Expectativa de produção elevada na temporada atual, que está em fase de plantio para as culturas de verão, e dúvidas sobre o valor de transporte de grãos devem estimular vendas no atual ciclo

A perspectiva de uma safra cheia e a incerteza sobre o valor do transporte de grãos deve fazer com que a demanda por silo bolsa cresça entre 20% e 30% na temporada 2018/2019, estima o diretor da Ipesa do Brasil, Demian Baum. A companhia argentina responde por 60% do mercado brasileiro de silo bolsa e, na safra 2017/2018, encerrada em junho, negociou 50 mil unidades no período, capazes de armazenar em torno de 10 milhões de toneladas de grãos e de silagem.

“Na safra passada, as vendas empataram com o ciclo anterior já que o desempenho da safrinha de milho foi menor do que o esperado”, afirma. “Nesta temporada, porém, as vendas devem crescer se as projeções de aumento da produção de grãos se confirmarem”, avalia. Na avaliação de Baum, a incerteza gerada pelo tabelamento do frete pode estimular a retenção dos grãos nas propriedades até que ocorra uma definição quanto ao valor a ser cobrado pelo transporte.

“É uma razão a mais para armazenar produtos localmente”, constata. Por outro lado, a valorização das commodities a partir da alta do dólar frente ao real pode estimular as vendas de grãos. “Para o nosso negócio, esse movimento de venda maior com o aumento de preços não é interessante, mas acredito que ainda estamos na etapa do aumento do uso da tecnologia no Brasil.

A região com maior demanda é a dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia (Mapitoba), onde as propriedades são mais novas e têm menos estrutura. O diretor da Ipesa relata demanda crescente na safra 2017/2018 na Bahia, após dois anos de pouca procura pelo produto, e também no estado do Rio Grande do Sul.

Intermediário Na avaliação do vice-presidente Norte da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Zilto Donadello, a procura por estruturas de armazenagem têm crescido entre os produtores, tanto de silos do tipo bag quanto de estruturas fixas. “Com o armazenamento próprio, o produtor não tem o transtorno de pagar o frete mais alto durante a safra e tem melhores alternativas de negociação dos grãos”, argumenta. Com o silo bag é possível manter a qualidade do grão por pelo menos seis meses e a estrutura tem que ser adquirida a cada safra.

O vice-presidente da Aprosoja/MT também avalia que a opção é uma alternativa para quem quer investir em estruturas permanentes (de alvenaria ou metal), mas ainda aguarda aprovação do crédito para o investimento. “Os produtores começam com o bag, percebem que é bom negócio e depois partem para a construção de uma estrutura fixa.” Um exemplo é a produtora Rosana Galbieri Leal, da Fazenda Santa Fé, de Primavera do Leste (MT). Na safra 2017/2018 ela adquiriu 12 silos bolsa, a um valor médio de R$ 1,6 mil cada, para armazenar a safra de milho e manteve a produção guardada por seis meses antes de negociar o grão. A saca de 60 quilos estava cotada a R$ 14 no momento da colheita e foi vendida a R$ 19. “Esse ano só não usei os silos bolsa porque consegui o crédito necessário para ampliar minha estrutura fixa de 50 mil sacas para 200 mil sacas”, explica a produtora, que investiu R$ 5 milhões na ampliação das instalações.

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